sexta-feira, 2 de março de 2012

"Precisamos esquecer para viver"

Trechos de uma entrevista interessantíssima da revista "Lola" sobre a temática da memória - o entrevistado é o neurologista Iván Izquierdo, diretor do Centro de Memória da PUCRS -:
"No conto Funes, o Memorioso (1944), de Jorge Luis Borges, o personagem central tinha uma memória prodigiosa e podia lembrar um dia inteiro de sua vida. Para evocá-lo, precisava de outro dia inteiro de sua vida." - explicação de: Seria possível lembrar de tudo?
"A memória seletiva é um mecanismo de sobrevivência, no qual o cérebro humano é especialista. Mas nem sempre é possível apagar todos os traumas - por isso são chamados de traumas."
"Não há memórias sem emoção - pode ser muita ou pouca, mas ela existe. Não existe nenhum momento que não seja emocional, isso vale para os humanos, e talvez para todos os mamíferos."
"Preenchemos inúmeros furos com aquilo que nós mesmos dizemos ou que os outros nos dizem. Os seres humanos são muito sugestionáveis. Por isso, somos tão propensos a ser enganados por ideologias - ou pseudoideologias."
Algo que eu já havia pensado uma vez, mas nunca encontrei uma resposta plausível: por que lembramos muito pouco de nossos primeiros anos de vida?
"Porque apreendemos esses anos antes de conhecer a linguagem, então eles são tão inacessíveis para nós quanto a memória dos animais, ou como o idioma chinês. Não há como 'traduzir essas memórias' à vida que temos depois dos 2 ou 3 anos, em que tudo o que registramos é expressável por linguagem, ou achamos que é. E isso acontece apesar de a infância ser o período em que aprendemos com mais facilidade, porque nosso cérebro está em formação.”
A finalização da entrevista foi essa pergunta e resposta - eu adorei:
Se somos feitos de nossas memórias, por que lembramos tão pouco? “É que somos menos do que pensamos ser...”


p.s.: Acho que já sei sobre o que pesquisarei quando tiver que fazer meu tcc...

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