domingo, 22 de julho de 2012

O sexo e o coçar os olhos

Começa com uma vontade repentina. O estímulo que corresponde e dá continuidade ao desejo é, geralmente, o toque das mãos. O movimento circular e rítmico, na posição estratégica, aumenta cada vez mais o prazer concebido pelos dedos. Ai, ai! Chegamos ao paroxismo: a coceira está no mesmo nível da coçada! Sensação de que algo atingiu o meu âmago, de voar entre as nuvens. O pé se contrai, o corpo inteiro endurece - para depois amolecer e relaxar como nunca. O ápice é concentrado de uma realização instantânea, que eu chamaria de "princípio da felicidade". Dura apenas alguns segundos, no máximo um minuto, mas proporciona uma dose longa de bem-estar. 
Findo a coceira, dificilmente consigo controlar as mãos, que não param de coçar: é preciso estabilizar gradativamente o órgão. Mas já não sinto que está bem certo, bem bom. Uma leve ardência piora com o contato dos dedos e do próprio ar. Ah, as consequências... Um olho vermelho para o resto do tempo, lágrimas involuntárias (e alguma não é?) e ponta dos dedos molhadas. Ainda assim, o orgasmo vale a pena.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aniversário

Comemorações fajutas e periódicas que não coincidem com o estado de espírito servem para demarcar vidas que esperam...esperam para sempre um ponto desse círculo viciante e temporal que é existir em sociedade convencional. Posso não fazer aniversário?
Está certo que é reconfortante, de certa forma, envelhecer dessa maneira mecânica, ao invés de olhar no espelho, algum dia, e deparar-se com um rosto perdido no tempo. Porém, do que adianta periodizar, classificar a vida como se fosse um estilo literário que não ultrapassa a barreira do tempo?
Filosofias a parte, penso que gostaria de rever pessoas queridas reunidas a fim de comemorar algo totalmente abstrato e sem sentido.