sexta-feira, 30 de março de 2012
Paixão
quarta-feira, 21 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
sábado, 17 de março de 2012
Cadê o tempo?
Hipóteses:
1. A internet retira 1/3 de nossas vidas a partir da adolescência. Assim temos apenas 2/3 de vida para concluir atividades como leitura, pinturas e, enfim, viver de verdade.
2. O The Sims e outros jogos de videogames ou computadores fazem o papel da internet para certas pessoas (eu? haha)
3. Os homens, que antigamente eram considerados mais geniais que as mulheres, utilizam a partir de 1/10 de suas vidas dedicados ao futebol (no caso do brasileiro) e outros esportes.
4. A mulher, que antes já não era considerada inteligente, hoje realmente não tem tempo para isso em função das habituais exigências do mercado de trabalho e da sociedade ao impor um determinado padrão de beleza - imagine quantos dias, somadas as horas que ficamos nos depilando, fazendo modificações químicas no cabelo e pintando as unhas, dariam? Praticamente 1/10 da vida!
5. O mundo tinha bem menos gente. Partindo desse fato, creio que menos tempo se gastava preso num trânsito de carros infernal ao deslocar-se nas grandes cidades e menos era o mercado consumidor - portanto, mesmo sem a ajuda de máquinas, a demanda era menor e o alfaiate, por exemplo, podia praticar arte em suas peças únicas (menos eram as especializações também). Aliás, quase tudo era único, poucas cópias assumiam o lugar dos originais e tudo era "novo" no mundo "velho".
6. Tinha-se menos meios de chegar à informação, então, ao invés de viver consumindo conteúdos de tudo que é canto do mundo, a pessoa tinha tempo para se dedicar ao próprio pensamento, sem viver ansiosa por saber tudo além do que lhe era possível ou fazia parte de seu próprio raciocínio.
7. Dava-se o devido valor e incentivo às grandes teorias, descobertas e criatividade. Afinal, ainda não existia tanta coisa no mundo mesmo.
8, 9, 10, 11.....São tantas as desculpas de uma mente improdutiva.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Uma pequena análise sobre "O Clone"
Hoje é dia 2 de março de 2011. Acabei de ver mais um capítulo da melhor novela que já assisti: O Clone (que “vale a pena ver de novo”). Agora eu vejo o quanto o roteiro é complexo e que o final pode até ser previsível em relação aos protagonistas que se amam, mas o enredo é essencial na composição das personagens (coisa que deixa a desejar em quase todas as novelas, já que as personagens, geralmente, são estereótipos jogados num conto de fadas moderno). A cultura não é só plano de fundo da trama, pois nota-se que as personagens estão inseridas de tal maneira nesse contexto, que vivem com humanidade e razão até o que é considerado absurdo aqui no ocidente. Sem falar que não existem maniqueísmos e até a mocinha é considerada promíscua e, por vezes, errada por seguir à risca seus sentimentos, sem pensar em outra coisa que não seja a sua felicidade. Não existe o elenco secundário e todas as personalidades são abordadas com intensidade, desde a angustiada Zoraide até o próprio clone -será que ele tem a mesma alma do Lucas?. Ah, e o Lucas chora quando pensa na Jade. Essa novela me faz pensar muito, inclusive nos costumes dos muçulmanos que são mostrados com uma linha de raciocínio não tão lógica, mas muito correta, bonita. Existem muitas lições que podem ser tiradas dessas crenças. A mulher ter que ficar bonita em casa para o marido é uma obrigação um tanto machista, mas estranhos somos nós, que queremos é nos arrumar para o mundo e não só para quem amamos – existe aí uma superficialidade que pode ser encarada como uma maneira de dar valor ao que se tem. Os casamentos arranjados dão a oportunidade dos corações solitários aprenderem a amar, contanto que ambos sigam o costume de manter a harmonia dentro da casa e sempre se respeitarem. Existem coisas que, de fato, são cruéis para quem crê, mas não se pode ser radical ao analisar uma sociedade dessas já que “whatever works”.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Não entendi muito bem essa frase no contexto em que ela foi empregada no livro, porém, quando a li, simplesmente simpatizei com a relação da troca de pele com a "troca de tempo". Nunca tinha pensado nessa comparação figurativa.
Bem verdade, trocamos de pele o tempo todo, já que, apenas no banho, grande parte das células mortas da nossa epiderme são liberadas na limpeza - e, no resto do tempo, estamos sempre em constantes renovações de membranas plasmáticas e etc. Então, talvez o tempo se desapegue dela em "tempo" integral, fazendo com que a sua concepção (sobre o tempo não passar) se alongue durante a sua existência...
Fragmentos II
“A única coisa que pude fazer por eles foi mantê-los debaixo do terror de minha régua de madeira para que pelo menos levassem a lembrança do meu poema favorito: Estes, Fábio, ó dor, que vês agora, campos de solidão, desolados outeiros, foram noutro tempo a Itálica famosa. Só depois de velho fiquei sabendo, e por casualidade, do apelido malvado que os alunos me puseram pelas costas: Professor Desolado Outeiro.”
“Aos quarenta e dois anos havia acudido ao médico por causa de uma dor nas costas que me estorvava para respirar. Ele não deu importância: É uma dor natural da sua idade, falou.
-Então – disse eu -, o que não é natural é a minha idade.”
GARCÍA MARQUES, Gabriel. Memória de minhas putas tristes
sexta-feira, 2 de março de 2012
"Precisamos esquecer para viver"
"No conto Funes, o Memorioso (1944), de Jorge Luis Borges, o personagem central tinha uma memória prodigiosa e podia lembrar um dia inteiro de sua vida. Para evocá-lo, precisava de outro dia inteiro de sua vida." - explicação de: Seria possível lembrar de tudo?
"A memória seletiva é um mecanismo de sobrevivência, no qual o cérebro humano é especialista. Mas nem sempre é possível apagar todos os traumas - por isso são chamados de traumas."
"Não há memórias sem emoção - pode ser muita ou pouca, mas ela existe. Não existe nenhum momento que não seja emocional, isso vale para os humanos, e talvez para todos os mamíferos."
"Preenchemos inúmeros furos com aquilo que nós mesmos dizemos ou que os outros nos dizem. Os seres humanos são muito sugestionáveis. Por isso, somos tão propensos a ser enganados por ideologias - ou pseudoideologias."
Algo que eu já havia pensado uma vez, mas nunca encontrei uma resposta plausível: por que lembramos muito pouco de nossos primeiros anos de vida?
"Porque apreendemos esses anos antes de conhecer a linguagem, então eles são tão inacessíveis para nós quanto a memória dos animais, ou como o idioma chinês. Não há como 'traduzir essas memórias' à vida que temos depois dos 2 ou 3 anos, em que tudo o que registramos é expressável por linguagem, ou achamos que é. E isso acontece apesar de a infância ser o período em que aprendemos com mais facilidade, porque nosso cérebro está em formação.”
A finalização da entrevista foi essa pergunta e resposta - eu adorei:
Se somos feitos de nossas memórias, por que lembramos tão pouco? “É que somos menos do que pensamos ser...”