quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sobre a macro e a micro vida humana



Existem certos aspectos que são da vida comum. Teorias generalizadas como “desenhar uma pessoa sem chão significar insegurança” em um teste psicológico, por exemplo, funcionam para grande parte da população, mas não para o indivíduo. É como a física: observada em “níveis humanos” funciona como a teoria clássica, mas, de perto, o mundo quantizado é composto por partículas que se comportam de maneira um tanto estranha, como explica a física moderna. Pois acredito que o ser humano funciona semelhante, a não ser pelo fato de constituir uma ciência não exata e de não termos instrumentos propriamente ditos para trabalhar com a instável mente inorgânica, que depende do tempo, da época, do estado, do exterior, da alma e até do próprio orgânico. A mente trata do presente (da prática) de forma muito peculiar e complexa em relação a simples conjecturas que parecem mover naturalmente as relações humanas e individuais. O clássico é a cultura popular misturada com a psicoterapia barata e conselhos a lá “Sunscreen”. Algumas dessas mensagens generalizadas eu mesma aplico em algumas circunstâncias da vida, entretanto, não sei até quando sustentarei essa...impessoalidade. Enjoy your body. Use it every way you can. Don't be afraid of it or of what other people think of it. It's the greatest instrument you'll ever own”. Esse trecho dos conselhos experimentais para a “turma de 99” faz parte das concepções de macro vida. Pensar no corpo dessa forma é saudável, mas até que ponto? O que ele quis expor exatamente sobre “enjoy your body”? E se a pessoa usufruir demais de seus recursos corporais, será que ela saberá o devido valor desse “instrumento”? E se a criatura odiá-lo com todas as suas forças, como irá se aproveitar disso? Sem entrar nessa questão superficial de que basta aceitar-se, por que, sejamos sinceros, na atualidade, época do imediatismo e do rigoroso padrão de beleza imposto em tudo que é fonte de informação, como alcançar o nirvana se o teu próprio exterior te apavora? É claro que entendo que isso possa ser secundário na vida de muita gente (em parte, na minha também), mas o fato é que essa recomendação não serve para todas as pessoas e, talvez, não sirva (de fato) para ninguém - para nenhuma micro política pessoal -; mas, ainda sim, ela não deixa de parecer tão “certa”.
Quando presencio alguma discussão pesada em meu círculo social, sinto uma leve pontada no miocárdio. É a macro psicologia: “calma gente, é tudo uma questão de falta de diálogo, de impaciência, de não parar, pensar, ouvir, entender parte do contexto sociocultural de cada pessoa e, só então, encaixar tudo na tal situação específica. Por favor, não briguem, isso dói!”. Mas quem disse que esse insight me vem à cabeça quando eu é que estou discutindo? Muitas vezes, consigo contar até 10 e pensar em algumas coisas que não dizem respeito apenas a mim, porém, mesmo assim, não sinto a sensação no coração de que tudo está acontecendo da maneira mais injusta para ambas as partes, de que devo parar, de que aquilo não vai levar a lugar algum. E, às vezes, pergunto-me se isso é só uma questão de estado momentâneo de raiva, medo ou tristeza. Sinto em dizer, mas creio que não é só. Bem verdade, existem cousas que devem ser ditas, que ficam entaladas na garganta e precisam atingir o outro a qualquer custo; o nosso único erro é expressar essas opiniões no meio de um momento explosivo, quando nenhum dos dois consegue refletir apropriadamente. Entretanto, pode acontecer também de o “erro” ser proposital, de simplesmente não conseguirmos expor o que realmente pensamos em uma ocasião sóbria e, aí, definirmos mentalmente que “é agora ou nunca”. Boom.